#TBT ARTES VISUAIS

No dia 16 de junho aconteceu a exposição 𝟏𝟖𝟕𝟏 - do artista visual Rimnoid.



À todos aqueles que já completaram ao redor de duas décadas de vida, bem-vindos ao inexorável exílio de si mesmo. Dentro das condições que o próprio exilado desconhece, surge o germe do mal estar. A ânsia de voltar para um lugar que não existe apenas no espaço. E somos pedaços destituídos de um todo, sem enxergar e sem ver. 1871 é uma fagulha. Cada obra dessa exposição provoca não só a simbologia, mas a textura, as cores, as dobras das malhas ovoides, engelhadas, amorfas e o movimento nunca ressupino. Cercar-se das obras aqui apresentadas equipara-se a sair do metrô lotado no centro da cidade. A efemeridade dos movimentos do centro se perde aqui. 




Aqui, nesse mesmo centro da cidade, temos a cristalização do movimento que nos escapa. É fármaco não sedante. Lamber a angústia que escorre das vidas dessas pessoas mascaradas, do farfalhar das asas das aves, dos insetos e das setas. Não se trata da cena presa entre dois cortes, cada tela exposta é a sobreposição de todos os quadros expostos por segundo de filme, esse filme, creio que sabemos qual é. Tentamos encontrar, ombreados por esses frames, o lugar de onde fomos exilados. Nas mãos os elementos que constroem destruindo, em um lance metalinguístico. A oposição ao exílio se faz pelo nacionalismo paranoico, nacionalismo tal que exclui os próprios irmãos. Mas aqui, nessas telas expostas, o nacionalista e o exilado fundem-se como de fato são, se confundem entre ferramentas de suas aspirações, e uniformes e capacetes são como o encontro de rios. Não sabemos o que corta mais forte, o rastro ou o feixe de luz, sabemos apenas, ou apenas queremos saber que ele existe. O ecumenismo da garrafa de gasolina, pano e vidro ressuscita o coração ébrio-político. Nos opomos ao acaso e ao destino alheio, se somos olhos esfomeados ou fagulha e sangue, somos como testemunhas do primeiro crime da história. Essa noite, ao fechar os olhos, no colo quente como uma barricada ou no travesseiro frio como uma vala, veja um pouco mais dessas telas.


Para conhecer mais sobre o trabalho desenvolvido pelo artista, acesse:
https://rimnoid.com/
Ou pelo Instagram: @rimnoid












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